30 de junho de 2022

Solitária existência

A arte da existência humana é um ciclo solitário. Pensamos ser coletivo, no entanto, nossa individualidade apenas se cruza a outras desde o nascimento a despedida final.

Nascemos amparados por parteiras, enfermeiras e médicos, mas ficamos sozinhos durante nove meses no ventre de nossas mães. Sozinhos, muitos de nós fazemos a passagem do conforto do ventre materno para chegarmos ao mundo. Somos acalentados por quem nos segura ao chegar a este mundo, ganhamos colos, carinhos...

Porém, com o passar do tempo, descobrimos que sozinhos enfrentaremos nossos medos, nossas fraquezas, nossas desilusões, nossas frustrações.

Acreditamos que sozinhos não podemos viver e passamos a vida buscando o amor num parceiro ideal. Queremos ser amados por nossos pais, irmãos, amigos, professores...

E nessa incessante busca em pertencer a algum grupo, amar e ser amado nos envolvemos em grupos escolares, religiosos e de trabalho. Não importa o quanto tentamos priorizar a companhia do outro, um dia a nossa companhia não lhes será mais assim tão acolhida.

Procuramos amores que nos serão parceiros, mas descobrimos que também ele, um dia, nos deixarão pelos mais diversos motivos: encontram novos interesses ou o destino os recolhe de nossas vidas.

Temos a ilusão de que os nossos filhos nos acompanharão, mas também eles encontram novos caminhos, novos interesses e se vão.

E ,quando, enfim, mais frágeis ficamos, todos estão ocupados com seus projetos  de vida e devemos nos conformar com a atenção que o outro se dispões a nos oferecer, sem esperar mais do que ele tem, podem ou querem nos oferecer.

A vida é um exercício solitário por mais que desejamos ou esperamos acolhimento.