Clarice Fernandes (12/05/2019)
Às vezes me pergunto se estou num pesadelo e não conseguirei voltar à realidade... Tenho a impressão de que congelei no tempo e
despertei numa era que, nem nos meus piores momentos, conseguiria imaginar que
viveria um dia.
Que sociedade é essa? Tudo é natural. Nada causa
mais indignação na população. As pessoas
estão aprendendo a odiar-se numa velocidade incalculável. Odeiam-se por questões: partidárias, religiosas, econômicas,
de gênero, de etnia... Agridem-se por motivos pelos quais deveriam se unir
e lutar para defenderem-se. O desafeto deve desaparecer, como se fosse um produto descartável. Um ser humano que, de
alguma forma desagrada outro, não mais merece viver, deve ser exterminado.
Os ocupantes de cargos públicos empurram a população
para viverem a margem dos seus direitos à saúde, à educação, à moradia, ao lazer e à mobilidade. Quem pode mais chora menos. Quem
chorar mais, aqueles que lutam por seus direitos, e incomodar “a vizinhança” não merece viver. Os espaços públicos
viraram espaços privados.
A segurança publica virou assunto particular: o
cidadão deve comprar armas para se defender. “Se morrer inocentes, faz parte do
processo”, segundo discursos de alguns políticos defensores da posse de armas. O próprio cidadão deve preocupar-se com sua defesa.
Dizem até que crianças, com autorização dos pais, podem e devem aprender a
atirar. Crianças!!! Está entendendo?! No entanto, os jovens não devem se interessar por política ( Isso é assuntos para os filhos da elite "pensante"!).
Dinheiro público é para assegurar a estabilidade do
conforto para os representantes eleitos do governo, entre outros. Quem ganha mais tem direito
assegurado ao auxilio moradia, cujos rendimentos salariais lhes permitem
pagar. Quem vive em extrema miséria tem
seu auxilio sobrevivência reduzidos a valores que lhes obrigam a sobreviver em condições
de extrema pobreza.
A população escolhe, através do voto, representantes
que defendem as elites, enquanto se informam através de fakenews pelo watzap. E o que é
pior: acreditam nelas sem questionamentos e disseminam mentiras que viram “verdades
absolutas” sobre os mais variados assuntos.
A educação sofre o maior ataque de todos os tempos e
ainda há cidadão que apoie. Governo congela gastos e corta verbas em políticas sociais; desativa pesquisas de suma importância
para o desenvolvimento científico do país. Enxovalha a imagem das
universidades, dos docentes e de acadêmicos generalizando todos pelas exceções,
aqueles cujo comportamento e atitudes não correspondem ao que se espera de um
pesquisador ou discente. Consequentemente, no exterior, o nosso representante maior é afugentado
por instituições que defendem a democracia.
O país gigante, chamado Brasil, se encolhe! Estão
vendendo nossas riquezas e escravizando nossa gente. Seu povo cristão (evangélicos e católicos) faz
campanha publicitária com sinal de arma em frente aos seus altares religiosos e
ainda aplaudem seus algozes,que lhes tiram direitos conquistados através lutas constantes. Quando sairemos desse
pesadelo? Acho que não estou sozinha em meio a esse turbilhão...