28 de março de 2020

Diário quarentena da pandemia


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Acordei pela manhã com o coração aflito...
Após fazer minhas orações acessei a web para ver as últimas informações.
No face book havia inúmeras publicações. Internautas em pânico; bolsonarista alinhados ao presidente da república reforçando a ideia de que  “Brasil não pode parar”; muitas pessoas angustiadas pelo retorno da população as atividades nas ruas.
Porem, diante de tudo que vi, nada foi mais cruel que ver a dor retratada num vídeo em que uma família enterrava um ente querido em Maringá (primeira vítima do Covid 19 na cidade). Gritos de desespero dos familiares a muitos metros da vitima, sem poder aproximar-se...
Não consigo descrever os sentimentos e pensamentos que me vieram à mente naquele momento.
Em muitas postagens, via pessoas protestando contra carreatas que pediam o retorno ao trabalho para salvar a economia.
Nos jornais, alguns economistas afirmavam que o estrago já estava feito, mas que era possível manter as pessoas em quarentena e cuidar da economia.
Enquanto isso se passava, aquele que devia cuidar do seu povo politizava a pandemia e incentivava seus seguidores defender a volta ao trabalho por que bastava uma quarentena apenas dos grupos de risco.
Em meio a tudo isso, vi depoimentos de enfermeiras e médicos retratando o atendimento aos contaminados. Relatos em que descreviam as medidas necessárias para não se contaminarem: mascaras, macacões, proibições de tocarem seus próprios rostos, impossibilidade de fazer necessidades físicas enquanto estivessem em atendimento, ausência de equipamentos de segurança, jornada de trabalho intensa...
Em meio a tudo isso, papa Francisco, com saúde debilitada, dificuldades para caminhar dirige-se, sozinho, a Praça São Pedro para interceder pelo mundo, oferecendo-nos um exemplo incomensurável. Faz nos pensar sobre que sociedade é essa em que vivemos, pois não percebemos que “é ilusão pensar que continuaríamos sempre saudáveis num mundo doente”. E ainda nos ensina que “o Senhor interpela-nos e, no meio da nossa tempestade, convida-nos a despertar e ativar a solidariedade e a esperança”.
Então resolvi registrar, a cada dia, como foi esse tempo porque acredito que minha mente não dará conta de guardar toda dor e sentimento que tudo isso tem despertado em mim.
Não é possível que um ser humano ajoelhe-se e peça proteção divina a si e aos seus e, quando a escolha é cuidar do outro ou salvar o capital, tome a iniciativa de sair às ruas (em carreata – por que tem de medo de contaminar-se em meio a multidão) pedir a grande massa da população que retorne ao trabalho porque o Brasil não pode parar.
Continua...

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