2 de junho de 2015

Inversão de Valores

Assisto, nos últimos dias, nos telejornais, às informações a respeito da greve dos professores e servidores públicos do Paraná e a resistência do governo em abrir negociação para o fim do movimento que visa assegurar direitos dos trabalhadores.
Estou perplexa com os rumos tomados pela luta pelos  direitos destes trabalhadores, pois no meio do conflito, uma geração de alunos aguarda o desfecho da guerra declarada pelo governo contra os trabalhadores do estado. Enquanto a mídia bombardeia o então governador Carlos Alberto Richa com reportagens sobre a corrupção praticada por seus amigos e pessoas próximas dele, durante sua gestão, ele (governador) bombardeia os servidores do estado com bombas de gás e balas de borracha e se   recusa abrir o diálogo.
As denúncias de corrupção não atingem a Carlos Alberto Richa, representante do governo, haja vista sua indiferença  e suas entrevistas e discursos decorados apontando o governo federal como culpado da crise econômica deflagrada em sua gestão, isentando-se da responsabilidade sobre os fatos.
 No entanto, o bombardeio do governo fere física e psicologicamente professores e funcionários públicos deixando um rastro de sangue de funcionários e professores na história do Paraná.
 Embora o caos se instale no Estado do Paraná, o Poder Judiciário e Poder Legislativo parece não se mover diante da crise e a sociedade começa a cobrar dos professores o retorno das aulas. E, assim,  esquece de que quem realmente tem o poder de solucionar o problema não está interessado e muito menos preocupado com a Educação Pública do Estado do Paraná: o governador!
A população paranaense deve lembrar-se  que ao Poder Legislativo é atribuída a função de aprovar e apresentar leis e projetos que permitam ao seu povo uma vida digna cujos direitos à saúde, à educação, à habitação, ao lazer, ao trabalho , entre outros, pautem o exercício do cargo.
Mais ainda , carece  compreender que o Poder Judiciário tem o dever moral e a  função de  preservar direitos, denunciar aqueles que não os cumpre e ainda determinar punições àqueles que descumprem a lei.
 Porém, nos últimos dias, o que estamos presenciando na história do Paraná são alguns  legisladores legislando em  causa própria: aprovando aumento, em seus próprios salários, superiores ao concedido aos demais servidores   e votando  a favor de  leis que lesam a população e funcionários públicos.
 Do Judiciário, de quem se espera a defesa dos direitos dos cidadãos, assistimos à indiferença, o corporativismo ( dando respaldo aos desmandos do governo) e a ausência para participar do momento histórico agilizando a solução do conflito gerado devido a má administração dos recursos financeiros do estado. Ele (Poder Judiciário)  não interfere na perda de direitos dos trabalhadores, não pune o verdadeiro reponsável (aquele que tinha o poder de mandar parar o bombardeio com um simples telefonema) pelo massacre dos trabalhadores desarmados no dia 29 de abril de 2015, não questiona a prática do governo ao dificultar a negociação com propostas cada vez mais vergonhosas aos trabalhadores e consequentemente não defende os direitos de milhares de alunos que aguardam o fim do conflito para o retorno das aulas... Diante de tal situação, o que pensar?! 
Ética fora de “moda”!
Educação tratada como mercadoria...
Leis que não são cumpridas... "Tratoraço"...
Silêncio  da população diante do caos...
Que valores são esses?
Tenho medo de viver o próximo capítulo!