25 de junho de 2020

Covid 19: vida&morte


Sempre admirei as pessoas capazes de escolher as palavras certas para expressar seus sentimentos. Não domino essa arte ...
Quisera ter o dom de expressar a avalanche de sentimentos que me invadem durante os últimos tempos. Mas não consigo, pois tenho que escolher dizer  o que sinto, sem  que, de alguma  forma,  não  pareça estar atacando alguma pessoa  a quem estimo muito.
Os sentimentos são contraditórios.
Como falar em esperanças, quando a morte é certa para muitos...
Como falar  em liberdade, quando vemos nossos idosos, na fase mais  gratificante da vida, sendo aprisionados em suas casas se quiserem sobreviver.
Como falar em amar o próximo, quando vemos as egoístas ações humanas incapazes de pensar na prevenção coletiva e proteção a vida.
Como falar em  políticas públicas  quando vemos governos,  em esferas superiores, necessitar ser obrigados a respeitar normas básicas de cuidados, quando deveriam pratica-las por educação e não por obrigação judicial.
Muitas vezes, sinto um misto de revolta e raiva. Ainda assim, lembro que  “palavras são sementes jogadas ao vento” como dizia uma querida professora em tempos de escola. Sou obrigada a forçar a mim mesma a acreditar que “tudo isso vai passar”.
Eu sei que vai passar porque outras pandemias passaram em outros tempos...
Mas também sei que a quantidade de  vidas ceifadas naqueles tempos se devia ao desconhecimento da ciência e da tecnologia. Hoje  somos capazes de fazer muito mais em defesa da vida. É possível projetar os cenário futuros. No entanto, sabemos que  se faz  pouco diante do muito que se podia fazer...
A ignorância, em todos os segmentos (econômico, social, político, religioso, judicial)  permite um avanço incontrolável  de uma pandemia que tinha tudo pra ser controlada...
A economia fala mais alto “o comercio não pode parar”.
Muitos religiosos afirmam “os templos religiosos não podem parar”.
Políticos em todas as esferas, preocupados com as eleições futuras,   criam conflitos  visando tumultuar atendimento às recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde) e ainda há os que desviam verbas que deveriam ser utilizadas para salvar vidas. O governo federal não acredita na Ciência e subestimou  o potencial de contaminação  doença.
A crise na saúde foi tratada de forma inadequada e a justiça não foi capaz de agir em tempo hábil para  assegurar medidas efetivas para salvar mais vidas.
Flexibiliza-se   a circulação de pessoas antes de ter a pandemia sob controle.
No Brasil, foi confirmado o  primeiro caso de coronavírus no dia 26 de fevereiro. Paciente é um homem de 61 anos que viajou à Itália, e deu entrada no Hospital Albert Einstein no dia anterior.
Hoje, 25/06/2020,  o Brasil soma 53.874  mortos por covid19.
Porém, os estados seguem “avaliando” para tomar medidas efetivas para salvar vidas, enquanto famílias seguem se despedindo de seus ente queridos. 
Triste...