Sempre
admirei as pessoas capazes de escolher as palavras certas para expressar seus
sentimentos. Não domino essa arte ...
Quisera
ter o dom de expressar a avalanche de sentimentos que me invadem durante os últimos
tempos. Mas não consigo, pois tenho que escolher dizer o que sinto, sem que, de alguma forma, não pareça estar atacando alguma pessoa a quem estimo muito.
Os
sentimentos são contraditórios.
Como
falar em esperanças, quando a morte é certa para muitos...
Como
falar em liberdade, quando vemos nossos
idosos, na fase mais gratificante da
vida, sendo aprisionados em suas casas se quiserem sobreviver.
Como
falar em amar o próximo, quando vemos as egoístas ações humanas incapazes de
pensar na prevenção coletiva e proteção a vida.
Como
falar em políticas públicas quando vemos governos, em esferas superiores, necessitar ser
obrigados a respeitar normas básicas de cuidados, quando deveriam pratica-las
por educação e não por obrigação judicial.
Muitas
vezes, sinto um misto de revolta e raiva. Ainda assim, lembro que “palavras são sementes jogadas ao vento” como
dizia uma querida professora em tempos de escola. Sou obrigada a forçar a mim
mesma a acreditar que “tudo isso vai passar”.
Eu
sei que vai passar porque outras pandemias passaram em outros tempos...
Mas
também sei que a quantidade de vidas
ceifadas naqueles tempos se devia ao desconhecimento da ciência e da
tecnologia. Hoje somos capazes de fazer
muito mais em defesa da vida. É possível projetar os cenário futuros. No entanto,
sabemos que se faz pouco diante do muito que se podia fazer...
A
ignorância, em todos os segmentos (econômico, social, político, religioso,
judicial) permite um avanço incontrolável
de uma pandemia que tinha tudo pra ser
controlada...
A
economia fala mais alto “o comercio não pode parar”.
Muitos
religiosos afirmam “os templos religiosos não podem parar”.
Políticos
em todas as esferas, preocupados com as eleições futuras, criam
conflitos visando tumultuar atendimento
às recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde) e ainda há os que desviam
verbas que deveriam ser utilizadas para salvar vidas. O governo federal não
acredita na Ciência e subestimou o
potencial de contaminação doença.
A
crise na saúde foi tratada de forma inadequada e a justiça não foi capaz de
agir em tempo hábil para assegurar
medidas efetivas para salvar mais vidas.
Flexibiliza-se a circulação de pessoas antes de ter a
pandemia sob controle.
No
Brasil, foi confirmado o primeiro caso de coronavírus no dia 26 de fevereiro.
Paciente é um homem de 61 anos que viajou à Itália, e deu entrada no Hospital
Albert Einstein no dia anterior.
Hoje,
25/06/2020, o Brasil soma 53.874 mortos por covid19.
Porém,
os estados seguem “avaliando” para tomar medidas efetivas para salvar vidas, enquanto famílias seguem
se despedindo de seus ente queridos.
Triste...
https://www.sanarmed.com/linha-do-tempo-do-coronavirus-no-brasil.
Acesso25 jun 2020