29 de novembro de 2016

A influência do passado em nosso presente.



Diante de fatos passados normalmente guardamos somente a interpretação do fato porque a interpretação relaciona-se aos sentimentos os quais os fatos despertaram em nossa vida. De acordo com Powell,1999 ( p. 34-36), o passado se torna, então, o prólogo para os dias presentes e futuros de minha vida. Quando descubro algo em mim, acho difícil rastreá-lo até um evento ou interpretação passada.
A maturidade me fez avaliar o passado e buscar entender porque em muitos momentos tomei decisões cujas consequências me faz repensar, hoje, se tudo seria feito da mesma forma agora.
No entanto, percebo que a realidade do momento está enriquecida de fatos posteriores, sucessos e frustrações que me permitem julgar os fatos passados de forma diferente e muito mais clara, pois os resultados das escolhas já são, também, fatos reais. Por isso jamais posso mudar um passado. Entretanto, posso me utilizar do que já sei sobre mim e dos resultados obtidos para que as escolhas futuras excluam erros cujas consequências já sei quais são e assim, saber o que do passado deve permanece ou ser deletado.
Partindo disso, podemos deduzir que a afirmação de Powell,1999: na verdade, o meu ontem influencia fortemente o meu hoje (p.45) nos remete a interferência da experiência vivenciada nas escolhas atuais.
Não podemos olhar para o passado para trazer as dores vividas para o presente. Jamais seremos felizes se projetarmos o passado no presente e nos condenarmos pelos erros cometidos: nossos ou dos outros. A cada novo dia, novas perspectivas surgem. O passado deve ser a caixa de respostas e não razão de nossos problemas futuros.  Ele deve nos fazer entender porque assim somos e promover a necessidade de traçar novos caminhos para a felicidade...
 A volta ao passado é uma experiência que nos faz ter a mascara desvendada. Porque somos assim? Porque agimos assim? Isso leva a reflexão sobre o que nos levava a ter as atitudes que o uso dela nos permitia tomar. Porém, a retirada da máscara permite vislumbrar o quanto estávamos interferindo na vida dos outros devido aos nossos próprios medos, angustias e frustrações do passado. Ela resgata a necessidade de aprender a ouvir e respeitar as escolhas alheias. Ao mesmo tempo em que faz entender e repensar que não devemos forçar soluções aos problemas alheios. E, por outro lado entendermos o quanto o nosso passado pode interferir nas relações que temos no presente.
A manipulação do outro, utilizando de nossas máscaras, nos torna cruéis, pois o forçamos a tomar atitudes e ou praticar ações coagidos pela confiança que tem em nossas palavras e exemplos. Ao manipularmos o outro não lhe permitimos julgar o fato para que possa fazer suas escolhas por si. Assim o impedimos de crescer. Quando nos deixamos manipular, preferimos atribuir ao outro as consequências das ações praticadas isentamo-nos da responsabilidade pelas ações que praticamos.
As nossas redes de experiências do passado fazem verdadeiros “buracos” em nossas relações no presente porque assim como nós, o outro também tem passado interferindo em seu presente.
Somente o amor e o dialogo sem reservas será capaz de curar as sequelas produzidas pelo passado em nosso presente.

Referência
Powell, John. Decifrando o enigma do eu. Ed.2, Belo Horizonte: Crescer, 1999.