As conjunções ou operadores argumentativos são palavras ou expressões que são responsáveis
pela ligação, pela coesão de duas orações. Outra função é mostrar a força argumentativa dos enunciados, a direção (sentido) para o qual
apontam.
Portanto, ao fazer essa ligação, eles indicam que tipo de relação: causa e consequência, conclusão, oposição
ou ressalva, soma de duas ideias, objetivo ou finalidade, e assim por diante.
Por isso, há vários tipos desses operadores argumentativos, que indicam argumentos diferentes e sentidos
diferentes no texto. Vejamos o
esquema:
Período composto
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Operador
argumentativo indica:
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João quer
ir à escola...
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...porque quer ter uma profissão melhor.
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porque indica causa explicação ou justificativa.
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... portanto
terá empregos melhores
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portanto indica conclusão.
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... mas terá de se esforçar para aprender.
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mas indica argumento contrário, e mais forte.
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... apesar de trabalhar
muito.
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apesar indica ressalva, mas o seu argumento é mais fraco que o outro.
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... para
ter um futuro melhor.
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para indica finalidade, objetivo.
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...
se tiver tempo.
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se indica implicação (= relação de uma coisa com
outra).
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... quando
mudar para a cidade.
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quando não indica argumento, mas tempo.
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PRINCIPAIS
OPERADORES
ARGUMENTATIVOS
Operadores
que somam argumentos
a favor de uma mesma conclusão, isto é, eles indicam a soma de duas
ideias: e,
também, ainda, não só... mas também, além de..., além disso..., aliás... Exemplo:
a) João é o
melhor candidato: além de ter boa formação
em Economia, tem experiência no cargo, e também não
se envolve em negociatas.
Observe que além de e e também dão ideia de
soma. Somam as idéias de boa formação em Economia + não se envolver em
negociatas.
Outro
exemplo para melhor fixação do assunto:
b) João é o
melhor candidato: a par de uma boa
formação em Economia, também tem experiência no cargo; além de que, não se envolver em negociatas.
Novamente temos operadores - a par de, também e além de
- que somam argumentos a favor
de uma mesma conclusão.
Operadores que indicam a conclusão relativamente a argumentos apresentados em enunciados (= frases, orações) anteriores: portanto, logo, por conseguinte, pois, em decorrência, consequentemente...
Exemplo:
a) O custo de vida continua
subindo bastante; as condições de saúde do povo brasileiro são péssimas e a
educação vai de mal a pior portanto
(= logo, por consequinte,
consequentemente) o Brasil não é um país de primeiro mundo.
Operadores que indicam comparação entre elementos, com vista a uma dada
conclusão: mais... que, menos... que, tão... como, etc. Exemplos:
Antônio propõe:
_Vamos convocar Lúcia para redigir o contrato.
Jorge responde:
_ Márcia é tão competente quanto
Lúcia.
Operadores que indicam uma causa, justificativa ou explicação relativamente ao
enunciado (= frase, oração) anterior: porque, que, já que, pois (= porque), por causa de, por...
Exemplo:
Estou alegre porque fiz um bom
exame.
Fiz isso por você.
Observação:
De acordo com
Garcia (1988), legitimamente, só os fatos ou fenômenos físicos têm causa; os atos ou atitudes praticados ou assumidos pelo homem têm razões,
motivos ou explicações. Da mesma maneira, os primeiros têm efeitos;
e os segundos, consequências.
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Operadores
que apresentam argumentos que indicam ideias contrárias, ou seja, operadores que ligam enunciados (= orações, frases) de sentido contrário, aqui temos dois grupos:
Grupo A : mas, porém, contudo, todavia, no entanto, etc;
Grupo B : embora, ainda que,
posto que, apesar de (que),...
Toda oração que vem à direita
dos operadores: mas, porém,contudo, todavia e no entanto sempre tem o
argumento mais forte, o argumento que predomina. Exemplo:
a) O candidato esforçou-se para causar
boa impressão mas ele não foi selecionado.
Observe que o argumento que está à
direita do mas é o mais forte, podemos dizer que ele
vence o argumento anterior.
É diferente, porém, o que acontece com
os operadores: embora, ainda que, posto que, apesar de (que). Esses
operadores admitem o outro argumento, colocando apenas uma ressalva. Por
isso, o argumento introduzido por eles não predomina sobre o outro argumento.
Exemplos:
a) Embora
o time tenha jogado bem, perdeu.
Mesmo trocando a ordem das orações, não mudaria o efeito de sentido.
b) O time perdeu, embora tenha
jogado bem.
Operadores que indicam o argumento
mais forte de um enunciado (= frase, oração): até,
mesmo, até mesmo, inclusive, pelo menos, no mínimo.
Exemplos:
a) A apresentação foi coroada de
sucesso: estiveram presentes personalidades do mundo artístico, pessoas
influentes nos meios políticos e até o Presidente da República.
b) O homem teme o pensamento como nada
mais sobre a terra, mais ainda que a ruína e mesmo mais que a morte. (Bertrand Russel) - O
filósofo usou
o operador mesmo para indicar o que seria (para ele) o argumento mais
forte neste enunciado.
c) O rapaz era dotado de grandes
ambições; pensava em ser, no mínimo, prefeito da cidade onde tinha
nascido.
Operadores que se distribuem em
escalas opostas:
quase:
o argumento indica maioria; apenas (só, somente, poucos): o argumento
aponta para a negação da totalidade.
Exemplos:
A maioria dos alunos estuda bastante: quase
80%.
São poucos os alunos que não estudam, apenas
20%.
Operadores que indicam uma relação de condição, de
condicionalidade, de implicação entre um antecedente e um
consequente: se, caso. Exemplo:
Se o aluno
estudar, (então) fará uma boa prova.
A condição de o aluno estudar,
implica numa boa prova.
Os operadores que
indicam uma relação de
tempo no enunciado: quando, assim que,
logo que. no momento em que...
Exemplo:
a) Assim que Antonio chegar,
peça para ele vir a minha sala.
Operadores que indicam finalidade, objetivo no enunciado: para, para que,
a fim de (que)...
Exemplo:
a)Eu estudo para entender
melhor a minha profissão.
Eu estudo com
que objetivo?com que finalidade?
COESÃO
Coesão é microestrutural, ou seja, acontece
nas frases, perto uma das outras. Ela está sempre marcada no texto. E
fácil de vê-la. Há basicamente dois tipos de coesão:
a) a coesão por substituição, que
é aquela que diz respeito ao modo como as palavras e as frases do texto substituem
umas às outras .
b) a coesão por ligação é como uma palavra
liga uma frase à outra. Quem faz essa ligação e determinam a sua linha argumentativa são os operadores
argumentativos.
Os principais elementos de coesão são
quatro: a referência, a elipse, a conjunção - cujos elementos são também chamados de operadores argumentativos e
a coesão lexical.
Coesão
referencial. É quando uma
palavra remete a outra para ser entendida. Exemplos de coesão referencial: endófora- anáfora, catáfora e exófora.
Endófora. A referência
é endofórica quando
o referente se acha expresso no próprio texto, é dividida em: anáfora e catáfora.
Anáfora: Ela acontece quando o referente precede o item coesivo.
Por exemplo: Antônio saiu. Ele volta logo.
Catáfora:
Ela
acontece quando o referente vem após o item coesivo.
Por exemplo: João trouxe vários
objetos: lápis, borracha, caneta, etc.
Exófora.
Ela
acontece quando a remissão é feita a algum elemento que está fora do texto.
O referente "você" está fora da estrutura textual, ou seja,
uma remissão exofórica.
Coesão por elipse.
É a omissão de uma palavra, uma frase ou parte de um texto, mas
que facilmente entendemos qual seja. Exemplos:
Quero estudar para ter conhecimento. (O eu não aparece, mas facilmente entende-se quem quer ter alguma coisa. Ele está elíptico.
)
Queremos mais explicações. (O
pronome nós é quem está elíptico.)
COERÊNCIA
A coerência é macroestrutural, ou seja, para que você
possa achar um de seus elementos, deve ler o texto todo. Diferentemente
da Coesão, ela pode, muitas vezes,
estar oculta, subentendida, implícita.
Para que a textualidade aconteça,
quatro fatores são necessários: a continuidade, a
progressão, a articulação e a
não-contradição.
A continuidade é a retomada de conceitos e
ideias no decorrer do texto e ideias só podem ser retomadas por palavras...
Ela acontece pela repetição da
mesma palavra por um sinônimo, por um pronome, por uma
palavra da mesma área semântica do assunto principal do texto. José de
Alencar, em Iracema, faz uma descrição da natureza, das coisas
nacionais (Nacionalismo), pela continuidade. Observe o fragmento:
"Além, muito além daquela
serra, que ainda azul no horizonte, nasceu Iracema.
Iracema,
a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros
que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe da palmeira.
O favo da jati
não era doce como seu sorriso: nem a baunilha recendia
no bosque seu hálito perfumado.
Mais rápida que a ema selvagem,
a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde
campeava sua guerreira tribo da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal
roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com
as primeiras águas."
A progressão é o outro lado da continuidade,
ou seja, o texto deve continuar abordando o mesmo assunto, mas não pode
ficar repetindo as mesmas informações, deve ir acrescentando novos dados, para que sua leitura não fique
cansativa e seja útil, informativo para quem o lê e ter aceitabilidade. Essas
novas informações é que fazem o texto progredir.
A articulação cuida da organização do texto
todo harmonizando as partes que o compõem, estabelecendo, quando for o
caso, relações de causa e consequência, oposição e assim por diante.
Este fator de coerência tem a ver como
os fatos e conceitos apresentados no texto se encadeiam, como se
organizam, que papéis exercem uns em relação ao outros, que valores
assumem uns em relação aos outros.
Muitas vezes, pode acontecer que a
articulação não está explicitada por palavras ou expressões, ou seja, por
palavras de transição, mas a relação está implícita, subentendida. Um
exemplo:
Em
“João não veio à aula. Está doente”. A relação causa/consequência não
está explícita com o operador argumentativo porque, mas está implícita
e pode ser entendida normalmente.
Outro exemplo:
Funcionários que recebem uma nova
proposta de trabalho na qual não estão interessados devem evitar aquele
joguinho de tentar leiloar-se para obter um aumento de salário ou uma promoção
(consequência).
Observe a o
uso da coesão referencial no texto abaixo.
A Mudança –
Carlos D. de Andrade
O Homem voltou a terra natal e achou
tudo mudado. Até a Igreja mudara de lugar. Os moradores pareciam ter
trocado de nacionalidade, falavam língua incompreensível. O clima também era
diferente.
A custo, depois de percorrer avenidas
estranhas, que se perdiam no horizonte, topou com um cachorro que
também vagava inquieto, em busca de alguma coisa. Era um velhíssimo animal
sem trato, que parou a sua frente.
Os dois se reconheceram:
o cão piloto e seu dono. Ao deixar a cidade, o homem abandonara Piloto,
dizendo que voltaria em breve, e nunca mais voltou. O animal inconformado
procurava-o por toda a parte. E conservava uma identidade que talvez
só os cães consigam manter, na Terra mutante.
Piloto farejou longamente o homem sem
abanar o rabo. O homem não se animou a acariciá-lo. Depois, o cão
virou as costas e saiu sem destino. O homem pensou em chamá-lo, mas
desistiu. Afinal, reconheceu que ele próprio tinha mudado, ou que
talvez só ele mudara, e a cidade era a mesma, vista por olhos que
tinham, esquecido a arte de ver.
REFERÊNCIA
Apostila
do Curso de Linguistica Textual II. Prof. Ms. Celso Almiro Hoffman. UNIOESTE/NRE
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