Clarice Fernandes ************************************************ Cascavel, Paraná ******************************************************* email para contato: clrcfernan@gmail.com
30 de março de 2020
28 de março de 2020
Diário quarentena da pandemia
28/32018
Acordei
pela manhã com o coração aflito...
Após
fazer minhas orações acessei a web para ver as últimas informações.
No
face book havia inúmeras publicações. Internautas em pânico; bolsonarista
alinhados ao presidente da república reforçando a ideia de que “Brasil não pode
parar”; muitas pessoas angustiadas pelo retorno da população as atividades nas
ruas.
Porem,
diante de tudo que vi, nada foi mais cruel que ver a dor retratada num vídeo em
que uma família enterrava um ente querido em Maringá (primeira vítima do Covid
19 na cidade). Gritos de desespero dos familiares a muitos metros da vitima, sem
poder aproximar-se...
Não
consigo descrever os sentimentos e pensamentos que me vieram à mente naquele
momento.
Em
muitas postagens, via pessoas protestando contra carreatas que pediam o retorno
ao trabalho para salvar a economia.
Nos
jornais, alguns economistas afirmavam que o estrago já estava feito, mas que
era possível manter as pessoas em quarentena e cuidar da economia.
Enquanto
isso se passava, aquele que devia cuidar do seu povo politizava a pandemia e
incentivava seus seguidores defender a volta ao trabalho por que bastava uma
quarentena apenas dos grupos de risco.
Em
meio a tudo isso, vi depoimentos de enfermeiras e médicos retratando o
atendimento aos contaminados. Relatos em que descreviam as medidas necessárias
para não se contaminarem: mascaras, macacões, proibições de tocarem seus
próprios rostos, impossibilidade de fazer necessidades físicas enquanto
estivessem em atendimento, ausência de equipamentos de segurança, jornada de
trabalho intensa...
Em
meio a tudo isso, papa Francisco, com saúde debilitada, dificuldades para
caminhar dirige-se, sozinho, a Praça São Pedro para interceder pelo mundo, oferecendo-nos
um exemplo incomensurável. Faz nos pensar sobre que sociedade é essa em que
vivemos, pois não percebemos que “é ilusão pensar que continuaríamos sempre
saudáveis num mundo doente”. E ainda nos ensina que “o Senhor interpela-nos e,
no meio da nossa tempestade, convida-nos a despertar e ativar a solidariedade e
a esperança”.
Então
resolvi registrar, a cada dia, como foi esse tempo porque acredito que minha
mente não dará conta de guardar toda dor e sentimento que tudo isso tem
despertado em mim.
Não
é possível que um ser humano ajoelhe-se e peça proteção divina a si e aos seus
e, quando a escolha é cuidar do outro ou salvar o capital, tome a iniciativa de
sair às ruas (em carreata – por que tem de medo de contaminar-se em meio a multidão) pedir a grande
massa da população que retorne ao trabalho porque o Brasil não pode parar.
Continua...
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